quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Quo Vadis, Educação?

Maria de Lurdes Rodrigues rejeita que tenha existido facilitismo para melhorar as taxas de abandono e retenção escolar e nega que o conflito entre os professores e o ministério tenha prejudicado o trabalho nas escolas” (JN, 24.08.09). Claro que, se as taxas de insucesso e abandono escolar caíram para metade, tal se deve ao profissionalismo, amor ao ensino e dedicação de milhares de professores que, em situação muito adversa, não perdem o entusiasmo e o prazer de ensinar os seus alunos do melhor modo que podem e sabem. Os docentes saíram à rua por várias vezes, realizaram as maiores manifestações de uma classe profissional após o 25 de Abril de 1974, fizeram greves, abaixo-assinados, reuniões sindicais quer entre docentes quer nas suas escolas quer na sua área de residência quer com representação nacional. Surgiram movimentos independentes de professores com o único objectivo de restituir a dignidade a uma classe marginalizada pelo poder político. Muitos foram os km percorridos, muitas foram as horas sem dormir, muitos foram os artigos escritos nos blogues pelos docentes, muitas foram as reuniões realizadas e assistidas, em, suma, muito foi o AMOR de entrega e defesa de uma profissão escolhida por vocação (chamamento) e o AMOR de entrega e doação aos seus alunos na partilha de saberes/conhecimentos, valores, sentido de cidadania, justiça e responsabilidade/responsabilização. A todas estas manifestações de AMOR, o poder político (Governo) e o Ministério da Educação responderam com falta de sensibilidade, arrogância, ausência de bom senso, tirania opressiva, retaliações, ameaças, insultos, imposições e incapacidade de diálogo e negociação com as estruturas sindicais. A toda esta manifestação de AMOR por uma das profissões mais nobres, o Governo e o Ministério da Educação fizeram “orelhas moucas”. Contudo, os Governos passam, mas os professores ficam! Eis a esperança de toda uma classe! Claro que as taxas de abandono e retenção escolar caíram para metade graças a algumas (poucas) políticas educativas do actual Governo, como é exemplo o aumento dos cursos profissionais e de Educação e Formação que absorveu muitos alunos que apresentavam dificuldades de aprendizagem, insucesso escolar e configuravam casos potenciais de abandono escolar. Porém, esses resultados, e não podemos “querer tapar o sol com a peneira”, muito se devem à cultura de facilitismo imposta por este Ministério da Educação. Facilitismo porque um aluno só fica retido se os Encarregados de Educação concordarem com tal retenção (o que raramente acontece), facilitismo porque os programas escolares e os manuais impingem essa dimensão, facilitismo porque só em casos muito excepcionais e devidamente fundamentados (império da burocracia!) o Conselho de Turma pode reter um aluno, facilitismo porque os Exames Nacionais cada vez são menos exigentes, facilitismo porque os alunos reconhecem esse facilitismo, adorado pelos menos aplicados/estudiosos, odiado por todos aqueles que anseiam muito mais da escola. Facilitismo porque em Portugal se cultiva o império do facilitismo! Império do facilitismo para um MUNDO mais exigente e competitivo! Quo vadis, Portugal? José Carlos Maciel Pires de Lima Candidato por Viana do Castelo

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