quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Salário Justo.

No início deste ano, com a crise a chegar a muitos portugueses, muito se falou sobre os salários em Portugal e o seu contributo para a situação actual do país, caso do economista Vítor Bento que afirmou “Não havendo desvalorização da moeda, impõe-se reduzir os factores de custo, neste caso por redução dos salários reais” justificando esta situação com “O aumento dos custos que tivemos ao longo destes últimos dez anos não foi acompanhado por um aumento da produtividade”.

Mais recentemente, veio o presidente da CIP Francisco Van Zeller defender que não deve haver aumento do salário mínimo pelo menos durante um ano. "Os salários baixos são necessários para 25% das nossas exportações", pelo que "não é oportuno, este ano, subir o salário mínimo nacional".

Por isso não é de estranhar a posição do presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, João Costa, que no dia de ontem sugeriu ao Governo, através do Ministro da Economia, uma nova modalidade salarial para a industria têxtil, a de “passar a pagar 12 meses de salário ao contrario dos actuais 14 meses”, ou seja reduzir o salário dos trabalhadores.

Mas será que estas pessoas acreditam que é o custo da mão-de-obra que afecta o desenvolvimento do país? Foram os salários dos trabalhadores que originaram a actual crise?

Aconselho todos a lerem o texto do economista João Ferreira do Amaral, publicado em Maio deste ano, no qual avisa que a descida dos salários viria a agravar a situação de muitas famílias e a criar novos desequilíbrios.

Esta opinião baseia-se no facto de que “dado o grande endividamento das famílias e das empresas, uma redução dos salários nominais iria provocar uma redução geral de preços que levaria as dívidas, em termos reais, a subirem e consequentemente a pôr em causa a solvência de muitas famílias e empresas.

Também Isabel Jonet afirmou que “Portugal tem uma nova classe de pobres - pessoas com emprego mas sem um salário para fazer face ás despesas do agregado familiar.”

Neste momento o mais importante é discutir soluções para a crise, que devem passar por melhorar a competitividade das empresas e do país, assim como formas de aumentar a produtividade das empresas. Que de certeza não passam pela redução dos salários.

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