quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Portugal Informático. (Se Portugal fosse um (bom) programa informático!) – A Campanha ajuda?

A ajuda disponibilizada ao utilizador é muitas vezes uma faceta negligenciada numa aplicação.
Esta ajuda pode ser tratada em vários momentos e de várias formas, mas a primeira, e essencial, é permitir ao utilizador executar a aplicação na sua própria língua. Permiti-lo reconhecer-se nas palavras e entender os conceitos, é fundamental.
Todos os que já trabalharam neste campo, sabem o quão grande e penoso desafio isso representa e sabem que muitas vezes, tudo aquilo que damos como adquirido, se desmorona rapidamente ao longo de pequenas mas inúmeras coisas, quando o utilizador não compreende o que ou como fazer. Esta é uma daquelas batalhas que tem mesmo que ser ganha "à cabeça". Mas para além da língua, das validações dos campos de introdução, ao botão de “Ajuda” global, da ajuda mais contextualizada (onde a tecla F1 disponibiliza acesso a artigos específicos da tarefa em que estamos a trabalhar), a artigos técnicos especializados (que permitem a utilizadores avançados tirar o máximo partido das aplicações) este assunto abrange sem dúvida um vasto campo de trabalho que não posso aqui “esmiuçar”. Outro tipo de ajuda próxima e que nos é familiar é a disponibilizada pelos chamados assistentes (ou wizards). Os assistentes têm como objectivo, auxiliar o utilizador a efectuar tarefas complexas, guiando-o através de uma sequência de passos com pequenas tarefas que garantem a obtenção do resultado final. Hoje em dia, dispomos de uma clara aproximação/paralelismo a esses assistentes nos questionários online para as campanhas eleitorais (veja-se o exemplo da bússola eleitoral) Neste caso, permite a um eleitor indeciso (ou não) saber qual o partido que mais próximo se encontra da sua forma de pensar. O simples facto de o eleitor ir sendo questionado sobre vários temas e percorrendo aquelas perguntas (sem escapes - “ou votos em branco”, nem subterfúgios escondidos), ajuda/obriga a decidir, a equacionar as suas convicções, a medir o seu grau de certeza ou concordância e a amadurecer vários aspectos. Permite ainda no final, confrontar as suas respostas com as do partido com que mais se identificou ou com as de qualquer um dos restantes partidos concorrentes às eleições Eu também percorri essa bússola e foi com agrado que constatei o meu posicionamento. No entanto, para alguns meus conhecidos, o resultado final trouxe em alguns casos um sentimento de choque perante os resultados que os colocavam ideologicamente distante da posição política em que se conceptualmente posicionavam. Alguns mais preocupados com estes assuntos chegaram mesmo a repetir o teste, mas desta 2ªa vez usando de mais seriedade no processo e ponderando com mais cuidado as respostas (constatando que em certas questões, flutuações aparentemente de pequena monta, podem fazer a diferença no posicionamento final….) Mas mais que elogiar este tipo de iniciativas (que no final incentivam a votar e que por estarem na internet permitem um alcance “global”), eu pergunto-me, “Não deveria ser a própria campanha eleitoral o nosso melhor assistente eleitoral”? Não deveriam, estes 15 dias que antecipam as eleições, ser um tempo para, cada dia se ir confrontando o eleitorado com pelo menos um tema para que este chegue ao resultado final? À decisão sobre a sua intenção de voto? Não deveria ser este um espaço para os políticos falarem a língua dos eleitores, para que estes entendam os valores, as ideias, as diferenças de cada proposta? A amostra que tivemos com a ronda de debates entre os líderes dos 5 maiores partidos fez-me fazer crer que desta vez o tom estava pelo menos um pouco diferente e que os candidatos se apresentam com “mais qualidade”, mais bem preparados (fruto também dos jornalistas que moderaram esses debates e que me pareceu procuraram abordar questões que diferenciavam as várias forças políticas). Infelizmente verifico que passada essa “miragem inicial”, mais uma vez, a campanha voltou a ser o tradicional desfilar de comícios, a exploração de assuntos periféricos (TGV - que efectivamente não estão na ordem do dia das pessoas comuns e que passam por dificuldades), ou mais recentemente, assombrada por factos políticos que dada a sua relevância, renegarão definitivamente para 2º plano toda a restante campanha. Não fora “Os Gato” e tudo seria ainda mais ensosso. Lamento apenas que nenhum dos pequenos e novos partidos tivesse sido incluído em algum destes momentos, para que mais portugueses pudessem escutar as suas ideias. Mas felizmente para mim não restam dúvidas nem reservas. Quanto a mim - já decidi (e confesso que nunca antes numas legislativas votei com tanta convicção). E o meu voto não será para os que não quero que estejam na assembleia a decidir por mim, e que não pensam como eu, mas para os que quero que tenham voz desde já, que se batem por aquilo em que acreditam, por aquilo em que eu também acredito. Será para aqueles que querem servir os outros, o país, por nós e por todos, para os que não querem deixar ninguém para trás, para os que querem que todos se comprometam com o futuro do país, para os que querem que o nosso Portugal, para os nossos filhos, seja melhor do que o Portugal de hoje.Nestas eleições eu voto MEP. Já agora, num assistente bem feito, antes de “Finalizar” o utilizador é sempre confrontado com o elencar das suas opções e em caso de engano/ou dúvida, pode sempre voltar atrás. Será que, se quando o eleitor se preparasse para votar num determinado partido, fosse confrontado com as ideias que efectivamente são defendidas por este, assumiria como suas essas ideias ou voltaria atrás para fazer “alguns ajustes” mais de acordo com as suas convicções? Eu sei no que acredito, eu sei, não em quem vou votar, mas em quem quero votar. E tu?
Eduardo Silva

3 comentários:

Alberto disse...

Eduardo, Grande Post!!!

Digno deste magnifico blog :), mas não só, deveria chegar a outros media...

fica o desafio ao Expresso, Público, sic, rtp...e claro Gatos Fedorento....

ruigomezz disse...

Gostei do "esmiuçar" do papel que eu Assistente teria num eleitor que depois de ter votado, se apercebia que afinal não eram aquelas as ideias que defendia. Pois bem, seria justo poder voltar atrás e votar de novo, não acham?

Francisco del Mundo disse...

Muito bom! Gostei da ideia...