quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Portugal Informático. (Se Portugal fosse um (bom) programa informático!) – Poder para decidir

Numa aplicação informática, quando o utilizador tem que tomar uma decisão e é confrontado com uma pergunta, a questão deve ser clara e em linguagem facilmente entendível para o utilizador, com ícone e tipo de janela adequado à situação, e entre outros requisitos, quando for esse o caso, e na medida do possível, devem ser apresentadas opções que ajudem o utilizador a ultrapassar o problema. Um exemplo duma mensagem desse tipo poderia ser esta pergunta: O ficheiro encontra-se actualmente a ser utilizado. O que deseja fazer? Voltar a tentar, Gravar como, Cancelar. Nestas eleições parece-me a mim que cada português é também colocado perante esta pergunta (embora não de forma tão clara) - O que deseja para Portugal? Como resposta podemos também optar entre o continuar a tentar e insistir na escolha num dos dois partidos que ao longo da nossa democracia nos tem vindo a governar. Apostar numa outra opção ou simplesmente abster-se de “tomar partido”. Mas vamos por partes. Quanto a esta última opção, ainda há pouco tempo, apareceu nos meios de comunicação social o movimento dito “Partido Nulo”. Um movimento que, assumindo não ter propostas, queria “dar voz” ao descontentamento crescente e que pretendia, desse modo, “potenciar” uma renovação a partir de dentro dos próprios partidos. Estando obviamente a favor do princípio que perseguem “o da renovação do panorama político”, esta visão merece-me os seguintes comentários: 1 - Julgo no mínimo ingénuo pensar que interesses e práticas consolidadas ao longo dos anos possam agora ter um arrebate de consciência, se uns milhares de portugueses decidirem simplesmente, votar nulo. Embora os impulsionadores desse movimento salientem que ao contrário da abstenção, “o voto nulo implica uma alteração da proporcionalidade”, na prática, esta alteração, tal como a abstenção, em nada afecta os partidos, pois os mesmos lugares de sempre continuarão a ser distribuídos pelos partidos que forem votados. Na mesma linha (mas diria eu que de forma menos insultuosa para com o sistema eleitoral que o voto nulo) coloco o voto em branco. Em ambos os casos, quando chega o momento da decisão, a decisão afinal é não decidir e colocar essa decisão na mão dos outros (que votam válido). É pensar que é possível colocar o país em “Pausa”, à espera que apareça um salvador com o qual nos identifiquemos plenamente. Então sim já poderíamos votar (no entretanto deixamos ficar quem lá está). A estes deixo a pergunta: Será que, no momento que atravessamos, essa é mesmo uma decisão possível? Não creio. 2 - Quanto ao argumento de que “as pessoas têm que votar sempre nas mesmas pessoas e nos mesmos programas” eu pergunto: Será que se deram ao trabalho de, consultar e analisar os programas dos novos partidos? Este último ano foi sem dúvida um dos mais profícuos no que à política nacional diz respeito, com o surgimento de 4 novos partidos. Não será tacanho acreditar que nada de bom ou de novo poderá surgir de entre cidadãos comuns que agora se apresentam perante os portugueses? Será que o que desejam afinal não é apenas que, por saudosismo de tempos passados, os partidos com que sempre se identificaram permaneçam no poder, embora com caras novas? Será que a renovação que procuram, não deve antes ser procurada noutro lado, noutras ideias, noutras propostas e noutras pessoas? Se estivéssemos numa aplicação informática, ao fim de algumas tentativas no “Voltar a tentar” já teríamos percebido que essa opção já não servia e como não iríamos cancelar e perder o trabalho feito, optaríamos mesmo por gravar com outro nome. Não terá chegado a hora de fazermos isso por Portugal? Eduardo Silva

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