quarta-feira, 29 de julho de 2009

Portugal Informático. (Se Portugal fosse um (bom) programa informático!) – Justiça - Parte 1

Depois do meu post anterior onde tentei enquadrar o que se seguiria, e onde “ameacei” apresentar vários exemplos da minha afirmação, chegou a hora de começar a concretizá-los… Quando qualquer um de nós, ao utilizar um programa informático prime um botão ou escolhe uma opção de um menu, quer que tudo se passe “à velocidade da luz”. Quando isso é manifestamente impossível, esperamos pelo menos o conforto duma ampulheta ou uma barra de progresso, para irmos sendo informados do que se está a passar. Já que não controlamos o processo queremos saber: o que está a fazer, em que ponto se encontra e com essa informação, controlar o nosso tempo. Com isso podemos decidir fazer outra coisa enquanto decorre a operação, “cancelar” e fazer noutra altura, ou optar por alterar o processo como fazemos, para minorar a carga de processamento envolvido. Da mesma forma, esperamos com naturalidade um equilíbrio entre a relação causa/efeito. Se um determinado processo demora uma unidade de tempo, porque razão é que um processo semelhante ou às vezes aparentemente mais simples, demora 10 vezes mais? Pior só mesmo quando o processo que demora mais tempo é mesmo aquele que temos que efectuar com frequência ao longo de todo o santo dia. Essa falta de equilíbrio deixa-nos desconcertados. Também temos que admitir que, por vezes, só é possível diminuir os tempos de resposta de uma determinada operação melhorando as infra-estruturas (novos servidores, melhorando a largura de banda disponível, …) mas isso obriga a um investimento por vezes elevado que nem todos estamos dispostos (ou podemos) pagar. Mas o cúmulo do desespero acontece quando no meio de um processo crítico e longo, ocorre um erro e, ou o programa simplesmente desaparece, ou a informação que nos é apresentada é ou insuficiente (“Ocorreu um erro!”) ou encontra-se numa linguagem apenas reconhecida por técnicos e especialistas (“A colecção de objectos não está instanciada …”) e ficamos impotentes face ao desconhecido. A experiência diz-me que quando algum destes pontos elencados acontece, os utilizadores simplesmente não usam a operação, mesmo que com isso percam informação ou controlo sobre determinados processos. Agora concretizando. É impressão minha, ou estão aqui descritas algumas das sensações que temos sobre a justiça em Portugal? Será coincidência ou também podemos encontrar aqui a atitude da maioria dos portugueses para com a Justiça? Porque é que somos mais exigentes com um programa informático que nos deixa à espera por uns minutos, do que com a Justiça que ao ser lenta paralisa o pais inteiro? Eduardo Silva

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